Nova radioterapia para câncer cerebral preserva melhor a função cognitiva, diz estudo
SAN ANTONIO - Quando se fala em radioterapia para tratamento de câncer cerebral, a radioterapia de todo o cérebro com proteção do hipocampo em conjunto com o medicamento memantina preservou melhor a função cognitiva dos pacientes e demonstrou resultados semelhantes no controle do câncer em comparação com a radioterapia tradicional de todo o cérebro com memantina. Essas constatações foram apresentadas pelos investigadores da Mayo Clinic durante a assembleia anual de 2018 da Sociedade Americana de Oncologia de Radiação em San Antonio, EUA.
"O hipocampo é uma parte do cérebro associada ao sistema límbico e às funções cognitivas que incluem a memória", explica o Dr. Paul Brown, oncologista de radiação na Mayo Clinic e autor sênior do estudo. "Com base em décadas de estudos translacionais, sabemos que inclusive doses relativamente baixas de radiação na região do hipocampo contribuem para problemas cognitivos dos pacientes, como perda de memória." O Dr. Brown explica que a radioterapia de todo o cérebro com proteção do hipocampo foi desenvolvida para ajudar pacientes com tumores cerebrais a evitar danos cognitivos durante o tratamento por radioterapia de todo o cérebro.
Para o estudo, o Dr. Brown e seus colegas compararam a radioterapia de todo o cérebro com proteção do hipocampo com a radioterapia tradicional de todo o cérebro com pacientes em ambas as vertentes do estudo recebendo memantina.
Os investigadores inscreveram 518 pacientes de julho de 2016 a março de 2018. Os pacientes foram randomizados para as duas vertentes do estudo. A idade média dos pacientes era de 61,5 anos. As vertentes de tratamento não apresentaram diferenças nas características basais.
Os investigadores constataram que os pacientes que receberam a radioterapia de todo o cérebro com proteção do hipocampo conservaram melhor as funções cognitivas e alcançaram controle semelhante sobre o câncer e sobrevivência geral do que os pacientes que receberam a radioterapia padrão de todo o cérebro. Também foi constatado que, embora a idade seja um fator de previsão independente da função neurocognitiva, o benefício neurocognitivo da proteção do hipocampo não apresentou diferenças por idade.
"Os resultados deste ensaio podem ter um impacto significativo nos pacientes", revela o Dr. Brown. "Estima-se que a incidência do câncer cerebral metastático atinja até 200.000 casos por ano nos Estados Unidos. E, dependendo do tipo de câncer primário de um paciente, entre 10% e 30% dos pacientes com câncer terão algum tumor que alcance o cérebro".
"Esse é um dos poucos ensaios clínicos sobre oncologia de radiação que originou no laboratório, sendo então testado em um ensaio de fase II e, por fim, com base em ensaios anteriores, testado em um ensaio de fase III que demonstrou melhorias positivas", explica o Dr. Brown. "Planejamos apresentar nossas constatações com dados atualizados, incluindo sintomas relatados por pacientes, no próximo mês na reunião anual de 2018 da Sociedade de Neuro-oncologia em Nova Orleans, EUA".
27.10.2018. Fonte: Press release (Eurekalert)
Foto: Fotolia.com
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